terça-feira, novembro 02, 2004

Da arte de viver

Vivia pensando em ser artista. Atriz, talvez. Ou até cantora, seguindo os passos da avó.
Não pensava, no entanto em ser feliz ou coisa que o valha. A felicidade é como um cavalo selvagem, pensava. É muito mais bonito se apreciado à distância. E mais seguro.
Pensava muito, é verdade. Mas sabia viver sem pensar, se fosse necessário. E era assim, sem pensar que ela amava sem ser feliz. Amava completamente, sem atropelos racionais e sem percalços dramáticos. E como não era feliz, não precisava explicar aos outros como era ser feliz com seu amor.
E nesse amor de cama e cozinha, de forno e fogão viveu a vida toda. Viveu e amou sem ser feliz. E foi no fim, que descobriu que o tempo todo foi artista: da arte de viver. E sorriu.

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