terça-feira, agosto 08, 2006

nada

O tempo do tempo é infindávelmente inatingível
em meio à multidão desconhecida passa, intangível
ponto significante no cerne caótico da rua
reconhecido e visto, perto o bastante para os olhos
intocável ao tato, tolhendo os dedos de seus desejos
à nos sobra apenas a vida, impensável vida
indizível e inegável
o que nos resta então?
dizer o que não devemos
beber o que não podemos
saber o que já sabemos
eis que a vida surge novamente
inscrita em prosa e verso naquilo que nos significa
a, b, c, e todo o resto
que não cabe no grafite e na linha reta
e no entanto é vida como todo o resto
na potência do segundo
esconde-se tudo
tudo