sexta-feira, julho 29, 2005

Quero a vida que se torna mais vida
o sonho que não se sonha
passos que se firmam apenas para saltar além
sem se dar conta de que não há chão
de que não há nada além de mim e de você
a potência do sem fim que se acaba a cada segundo
Quero estar errado, persistir no erro e vivê-lo
pois não há erro, somente teus olhos
e o som que me carrega, que me guia, me ensina
me desvia, me cega e me chora
e é com ele que choro, o leite derramado
que insisto em colher, e colher
mesmo que nada se colha senão a dor
mas se é a dor que me faz cantar
que me faz viver
que me faz sonhar
que me faz
?

domingo, julho 17, 2005

Eis que surges novamente
traz as novas do outro lado do mundo
das terras geladas que insistem em soprar
suas brisas cortantes sobre meus ombros cansados
és o mensageiro mais fiel
porém as notícias que traz nunca vêm desacompanhadas
carregam consigo sempre outras, intrusas, amaldiçoadas
e é assim que o frio penetra sorrateiro, mordaz
pois que o fogo que me aquece é forte
e me faz forte para honrar o nome
e levantar os meus estandartes
para mostrar ao mundo o urso que carrego dentro de mim

sábado, julho 02, 2005

Acordei sentindo falta do teu azul
busquei no céu um pouco de ti
no risco do lápis fiz um rosto
tuas linhas vão sempre ao infinito
dois passos e continuo aqui
a borboleta vem me fazer companhia
ela canta e me leva às lágrimas
inundo os ponteiros mas o relógio continua
os gatos acenam sorrateiros
a firmeza das tuas rochas me inspira
um homem fala às pessoas, elas ouvem
mas a dama rouba a cena graciosa
ela desliza como se soubesse voar
me diz que deveria ser mais sábio
mas não é o tolo o mais sábio?