quarta-feira, junho 29, 2005

As linhas

Seria fácil se fosse dito, mas não foi
poderia ser simples e sem rodeios
mas foram-se os dias, correram as horas
de ti não se ouviu notícias
de mim, bondades
pois que hoje o é tão pesado, tão sinistro
só pode ser quebrado assim...
com perdão

sexta-feira, junho 24, 2005

Se ao menos não me faltassem alguns centímetros,
ainda que eu soubesse uns passos de dança,
Se a voz não falhasse, e eu soubesse cantar,
Se soubesse ganhar, perder com dignidade,
Corresse os cem metros, ou fizesse vôo livre...
Se ganhasse alguns quilos, um bíceps maior,
Se não tivesse tanto medo, se soubesse o final,
se fizesse uma tatuagem, se perdesse a timidez,
se tivesse falado com a bailarina, com a escritora,
se tivesse um filho, se andasse à pé,
seguisse a linha do trem, fosse ao Tibet,
falasse japonês, francês e alemão,
se herdasse uma fortuna, se girasse o mundo,
O que seria diferente?

terça-feira, junho 21, 2005

Era uma casa...

Quero espaço meu para guardar minhas convicções
Paredes para pintá-las da cor dos meus sonhos
e pendurar nelas as fotos dos meus amores
Quero uma cama só minha para poder deitar nela minhas dores
e botá-las para dormir um sono eterno
Quero um teto para me acolher quando o mundo desabar
e guardar as coisas, sim, as que ficam
e sobretudo eu quero um
chão

sexta-feira, junho 17, 2005

Diz

Me diz então porque é que guardas com afinco
o brilho de tuas jóias mais preciosas?
Medo de ofuscar os olhos que te velam com amor
ou o tesouro tem um mapa secreto
me diz quantos passos até seu coração?

A Diferença

Sinto muito e obrigado. Não há mais o que eu possa te dizer.
Se é a tua herança que me deu o que hoje tenho de mais precioso.
E aquilo que pagamos juntos, aos meses, aos anos, me vale hoje mais do que sei dizer.
Mesmo sabendo que o que tentaste esse tempo todo me ensinar não pode ser ensinado, somente aprendido, e que por fim aprendi contigo, apenas quando não mais querias me ensinar nada.
Hoje sei que você fez a diferença. Mesmo que a diferença não seja você.

segunda-feira, junho 06, 2005

Nós

o que era estranho tornou se comum, e o comum, estranho
pois que não me reconheço mais em teu rosto
aqui derramo para ti minhas últimas linhas
que as tuas palavras já não me dizem nada
se é com os olhos que se conversa francamente
os meus com os teus há muito não se dão
vê que os nós se desataram
e ficamos nós
sós

sexta-feira, junho 03, 2005

Levo no peito uma arma
de auto-destruição em massa