sexta-feira, agosto 05, 2005

Enquanto ela pensa as palavras deslizam cortando a garganta:
- Pinta teus cabelos de preto e volta.
Os olhos dele permanecem impassíveis. Seu corpo entretanto, não sabe mentir e cede.
Minutos marcham militarmente.
Ele então responde:
- A tinta não vai levar embora o velho rude que me tornaste. Sou grosso além dos cabelos brancos.
A vida girou junto à maçaneta. O vento frio sob a porta estacionou-se sob os quatro pés.
As súplicas dela soam como uma oração.
- Meu Deus, por favor me escute! Tudo o que te peço é que volte...
Mas ele não acredita em Deus. A porta se abre lentamente.
- Não é que eu não queira, entenda. É que da morte não se pode voltar.