quarta-feira, novembro 09, 2005

Indicador

Amo-te
como um cego a um Van Gogh
as pontas dos dedos
vêem mais
que os olhos

segunda-feira, outubro 24, 2005

ainda colore teus dias com os tons que deixei
mesmo que desbotados e sujos, manchados
o que foi sempre está; e aliás, como tem passado?
por aí, tudo bem? sim sim, melhor impossível

sexta-feira, outubro 21, 2005

Desadornado

Dê me o chão, não mais
para deitar nele minha fé
num amor horizontal
ocultando o distinto
conhecendo-se o notório
falta-me o manifesto
irônico ou simpático
roubado

sábado, setembro 24, 2005

Bem que me disseste que nada seria como antes
e que mesmo que os dias passem calmos a maior parte do tempo
e a água fria me lembre a todo momento que estou vivo
ainda assim
Bem que me disseste que era assim mesmo
que as tarefas mais simples são as mais dolorosas
pois se repetem a cada dia com uma estranha semelhança
ainda assim
Não me disse aquilo que mais precisava ouvir
porque não há lugar melhor para se estar
que nas tuas palavras doces, em teus lábios
ainda assim
ainda assim
Só penso em ti

[Para ser lido ao som de The Blewer´s Daughter - Damien Rice]

terça-feira, setembro 13, 2005

Crediário

Acredito no que me atravessa a cada dia.
Nas coisas pequenas e lindas. Nas grandes e catastróficas.
No desespero infinito daquele que não sabe lidar com sua própria vida, no amor sincero daquela que ama outro a cada dia, na hipocrisia insana daqueles que tiram tudo para si e na pele da gente que carrega a verdade mais geográfica.
É que a vida não cabe nessa fé que segue religiosamente os mesmos preceitos, as mesmas linhas e os mesmos ritos. Não acredito nessa fé que se vende na esquina, que cabe em uma imagem de santo ou de cristo ou de buda.
Eu faço do mundo que vejo, e que vivo a minha fé. Ela não vive depositada num futuro infinito nem enterrada num passado milenar que se vende a cada dia 25.
Acredito nas pessoas que me cercam e na potência que criamos quando resolvemos tomar a vida como fé, sem esperanças e sem desesperos.
Creio, hoje.

segunda-feira, setembro 05, 2005

o último

Causa pouca é justa quando digo que quem faz de mim um tolo não são os outros
além de ti, é a outra que diz por onde andas quem torna tão difícil os fins
pois que os meios que encontro de te dizer o que penso apenas conservam meus sentimentos
de que no fundo és sempre a última a saber de mim
mesmo ao meu lado, um par perfeito formado
que o álcool não me deixa mentir pouco quando digo
que o fim é finito e há de ser o que será
a vida sempre me pregando peças
me prova que aquilo que interessa
já não mais está

sexta-feira, agosto 26, 2005

Faz-se a face

Começou com luto. Cresceu e firmou-se espessa, um negro escudo contra lábios incautos e mãos alheias em suas rondas constantes. Fundiu-se ao todo, uma máscara delineando um rosto que não aquele do espelho. Adorno de guerra, pesa como uma medalha pesa ao soldado que a carrega com orgulho e pesar. Presta a marca da virilidade responsável daquele que sente e sabe que é com os olhos é que se vê. Pois se agora já pode se dispensar as medalhas é somente pela boa companhia.

terça-feira, agosto 16, 2005

Necromantes

os ponteiros proclamam
há muito já se foram
no entanto resistem
insistem em clamar por vida
em infiltrar as vidas
dos que se salvaram
ao invés do exílio
tramado, cindido
forjado e fundido
fujo à passos largos
à galope ou ressalto
chegas sempre de assalto
fico mudo, incauto
exausto

sexta-feira, agosto 12, 2005

não me leve a sério
eu sei, não faz mal fingir que não é assim
mas quem disse que é esse o nosso jogo
não vou dar o troco só pra revidar
então faz o seguinte
deixa tudo como está e se faz de morta
que essa vida torta
só me fez assim
vira pra lá e me deixa dormir
que amanhã eu trabalho
eu te amo, caralho
e vê se me esquece
a gente carece
é de pão

sexta-feira, agosto 05, 2005

Enquanto ela pensa as palavras deslizam cortando a garganta:
- Pinta teus cabelos de preto e volta.
Os olhos dele permanecem impassíveis. Seu corpo entretanto, não sabe mentir e cede.
Minutos marcham militarmente.
Ele então responde:
- A tinta não vai levar embora o velho rude que me tornaste. Sou grosso além dos cabelos brancos.
A vida girou junto à maçaneta. O vento frio sob a porta estacionou-se sob os quatro pés.
As súplicas dela soam como uma oração.
- Meu Deus, por favor me escute! Tudo o que te peço é que volte...
Mas ele não acredita em Deus. A porta se abre lentamente.
- Não é que eu não queira, entenda. É que da morte não se pode voltar.

sexta-feira, julho 29, 2005

Quero a vida que se torna mais vida
o sonho que não se sonha
passos que se firmam apenas para saltar além
sem se dar conta de que não há chão
de que não há nada além de mim e de você
a potência do sem fim que se acaba a cada segundo
Quero estar errado, persistir no erro e vivê-lo
pois não há erro, somente teus olhos
e o som que me carrega, que me guia, me ensina
me desvia, me cega e me chora
e é com ele que choro, o leite derramado
que insisto em colher, e colher
mesmo que nada se colha senão a dor
mas se é a dor que me faz cantar
que me faz viver
que me faz sonhar
que me faz
?

domingo, julho 17, 2005

Eis que surges novamente
traz as novas do outro lado do mundo
das terras geladas que insistem em soprar
suas brisas cortantes sobre meus ombros cansados
és o mensageiro mais fiel
porém as notícias que traz nunca vêm desacompanhadas
carregam consigo sempre outras, intrusas, amaldiçoadas
e é assim que o frio penetra sorrateiro, mordaz
pois que o fogo que me aquece é forte
e me faz forte para honrar o nome
e levantar os meus estandartes
para mostrar ao mundo o urso que carrego dentro de mim

sábado, julho 02, 2005

Acordei sentindo falta do teu azul
busquei no céu um pouco de ti
no risco do lápis fiz um rosto
tuas linhas vão sempre ao infinito
dois passos e continuo aqui
a borboleta vem me fazer companhia
ela canta e me leva às lágrimas
inundo os ponteiros mas o relógio continua
os gatos acenam sorrateiros
a firmeza das tuas rochas me inspira
um homem fala às pessoas, elas ouvem
mas a dama rouba a cena graciosa
ela desliza como se soubesse voar
me diz que deveria ser mais sábio
mas não é o tolo o mais sábio?

quarta-feira, junho 29, 2005

As linhas

Seria fácil se fosse dito, mas não foi
poderia ser simples e sem rodeios
mas foram-se os dias, correram as horas
de ti não se ouviu notícias
de mim, bondades
pois que hoje o é tão pesado, tão sinistro
só pode ser quebrado assim...
com perdão

sexta-feira, junho 24, 2005

Se ao menos não me faltassem alguns centímetros,
ainda que eu soubesse uns passos de dança,
Se a voz não falhasse, e eu soubesse cantar,
Se soubesse ganhar, perder com dignidade,
Corresse os cem metros, ou fizesse vôo livre...
Se ganhasse alguns quilos, um bíceps maior,
Se não tivesse tanto medo, se soubesse o final,
se fizesse uma tatuagem, se perdesse a timidez,
se tivesse falado com a bailarina, com a escritora,
se tivesse um filho, se andasse à pé,
seguisse a linha do trem, fosse ao Tibet,
falasse japonês, francês e alemão,
se herdasse uma fortuna, se girasse o mundo,
O que seria diferente?

terça-feira, junho 21, 2005

Era uma casa...

Quero espaço meu para guardar minhas convicções
Paredes para pintá-las da cor dos meus sonhos
e pendurar nelas as fotos dos meus amores
Quero uma cama só minha para poder deitar nela minhas dores
e botá-las para dormir um sono eterno
Quero um teto para me acolher quando o mundo desabar
e guardar as coisas, sim, as que ficam
e sobretudo eu quero um
chão

sexta-feira, junho 17, 2005

Diz

Me diz então porque é que guardas com afinco
o brilho de tuas jóias mais preciosas?
Medo de ofuscar os olhos que te velam com amor
ou o tesouro tem um mapa secreto
me diz quantos passos até seu coração?

A Diferença

Sinto muito e obrigado. Não há mais o que eu possa te dizer.
Se é a tua herança que me deu o que hoje tenho de mais precioso.
E aquilo que pagamos juntos, aos meses, aos anos, me vale hoje mais do que sei dizer.
Mesmo sabendo que o que tentaste esse tempo todo me ensinar não pode ser ensinado, somente aprendido, e que por fim aprendi contigo, apenas quando não mais querias me ensinar nada.
Hoje sei que você fez a diferença. Mesmo que a diferença não seja você.

segunda-feira, junho 06, 2005

Nós

o que era estranho tornou se comum, e o comum, estranho
pois que não me reconheço mais em teu rosto
aqui derramo para ti minhas últimas linhas
que as tuas palavras já não me dizem nada
se é com os olhos que se conversa francamente
os meus com os teus há muito não se dão
vê que os nós se desataram
e ficamos nós
sós

sexta-feira, junho 03, 2005

Levo no peito uma arma
de auto-destruição em massa

segunda-feira, maio 23, 2005

A sete chaves

Tenho em minhas posses um caixa
escondida e selada
onde deitam meus segredos e dormem
porque procuras acordá-los?
insones são os teus?

terça-feira, maio 10, 2005

Não procure em mim sensatez, coerência
pois já se foi o tempo destas
e de agora em diante serão armas
e será ferro e fogo, sem tréguas
pois se é de guerra que falamos
faremos então a guerra das guerras
escolha tuas armas
lutarei de mãos nuas
pois é tudo o que tenho agora
as mãos nuas e o sangue que pulsa

terça-feira, maio 03, 2005

Céu

Diga-me somente a verdade.
E por verdade entenda-se tudo aquilo que quero acreditar. Não tenho ouvidos pra tudo aquilo que é dito pra me ferir. Não escuto o que corrói, o que poda, o que encurta, o que tira.
Pois que aquele impronunciável nome foi dito, num ímpeto de inocência e irracionalidade, profanando as minhas ditas verdades e manchando-as como tem feito com tudo desde aquele dia que eu teimo em não lembrar.
E vamos construindo então nossas novas verdades, derrubando antigos muros, ferindo e desabrigando aqueles que dependem do nosso teto pra viver.
Que vivam então, como eu vivo, a fitar as estrelas que furam o céu nas noites de coração frio.

terça-feira, abril 26, 2005

Fuga

Eis que as letras teimam em fugir
e não penso mais em domá-las
pois não tenho as forças para fazê-lo
e elas não são como as lágrimas
que sabem de cor seu caminho
e à nós basta dá-las a passagem
que chegam sempre ao seu destino

segunda-feira, abril 11, 2005

semeando

Pois que me vejo hoje lançando palavras ao sabor dos ventos na esperança que eles as levem a um destino certo, como as garrafas jogadas ao mar, que de uma forma ou de outra sempre chegam ao seu destino, seja ele qual for.
Sigo com a proteção de teus olhos de anjo, ainda que eles nada possam ver. E quando os meus olhos cruzam com estes teus que deixaste comigo, que o brilho que levas nestas tuas órbitas anda distante e apagado.
Assim, ao som de vozes antigas espero por ti, mesmo sabendo que não vais subir o morro hoje.
Continuo então, semeando as letras pelo vento para que chovam sobre tua cabeça e com sorte não se embaralhem tanto e possas lembrar que em algum lugar estou.
Fecho os olhos e meu mundo desaba. Pois penso que és invenção de minha mente.

quarta-feira, abril 06, 2005

Adeus à vida

de ti jamais esperei algo
o que colhi foi fruto do acaso
e se um sorriso estampa teu rosto hoje
minhas lágrimas foram um justo preço
pois venho por meio desta pedir
a minha renúncia do que não é mais meu
de herança, deixo o sofrimento e a incompreensão
pois comigo levo tudo o que há de bom
que assim faço mais feliz
a última travessia

quarta-feira, março 30, 2005

nos olhos

Gostaria de não ter lido o jornal hoje
escolho a ignorância, a hipocrisia
antes viver na felicidade sonhadora
de todos aqueles que se rendem
à ter de sofrer a ardência nos olhos
que a verdade nua e crua traz

a violência das esquinas
os cantos afiados
prontos para o assalto
levam minha paz
minha vida, em pedaços
tiram dos meus braços
a força que restou

quarta-feira, março 23, 2005

O Sol

sobe o sol no céu azul, o sol
segue sempre, sim e sobe
sob um sem fim de calor
saio e sumo
sem rumo

terça-feira, março 15, 2005

a seguir

E seguem os dias de tortura
segue a coroa de espinhos da culpa
seguem as feridas que não se fecham nunca
segue a estiagem, o sofrimento, a fome
segue a seca, a solidão e a saudade
segue a vida, segue a morte
segue
segue
segue

quarta-feira, março 09, 2005

para ser minha

Viva intensamente
e não olhe para trás
guarde apenas o amor
aprenda a viver em paz
e seja independente

roube
a loucura dos pintores
a selvageria dos tigres
o tempero do mar
a melodia dos pássaros
a serenidade dos rios
a solidez das montanhas
o calor das praias
e o amor
de todas as pessoas
pra dividir comigo

sexta-feira, março 04, 2005

Destinos

Estava lá.
Um castelo, enorme e maravilhoso como qualquer construção que abriga em sua estrutura a força de rochas ancestrais. As pedras carregam consigo uma certa energia natural que imputa a construção uma poderosa aura de monumento universal, uma essência fundamental que toca nossas almas naquele ponto onde elas se encontram com todo o resto.
Parecia ter estado sempre ali, como se fizesse parte de todo o conjunto do vale. Fazia um conjunto perfeito com o leito estreito do rio e os dois salgueiros que se intrometiam pela extremidade sul da construção. As pessoas caminhavam com certa apreensão, pois o céu prenunciava ruidosamente o avanço de uma tempestade. As moças seguravam seus chapéus e se apressavam para entrar enquanto os homens faziam as tarefas como usual. Notava-se uma pequena diferença, pois colhiam um pouco mais de lenha que o habitual, de modo que não faltasse caso a chuva perdurasse mais de um dia. Além desses poucos preparativos, a vida seguia seu curso de forma perfeitamente normal.
No entanto, a surpresa veio bem devagar. Chegou estampada em branco nos pequenos flocos de neve que brotavam da imensa massa cinzenta que agora estampava todo o céu.
Meus olhos lacrimejaram num segundo, pois não podiam crer naquilo que se apresentava perante a sua insignificância. Agora não se via mais o Castelo, nem o vale, nem mesmo os Salgueiros... só a imensidão alva que se estendia como um lençol sobre toda a terra.
Foi a última coisa que vi.
E depois de séculos, o Castelo ainda está lá. Outros olhos agora contemplam suas magníficas linhas, que continuam belas como naquela tarde de inverno.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Me falta o sono, talvez, os sonhos
sigo nesse torpor diurno sem saber
que a vida segue sem trégua
e sem regra, vivo em agonia
quem sabe algum dia
se sobrar coragem
ou que faltar a covardia
eu abra os olhos e veja...


sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Apenas palavras

lanço as palavras
aguardo imensos segundos até que venham as respostas
que não me respondem, não comunicam
apenas dizem o que não sei compreender

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

caminho num rio entre dois rios
no fio de uma navalha
um espinho, uma espada
ou coisa que o valha

vivo sob uma sombra projetada
de nuvens pretas-prateadas
de uma energia elétrica
explosiva, frenética

sigo sempre os sinais
e sinto a fúria do tempo
vejo a vida intensa, imensa
e mergulho fundo, nos teus olhos

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

A linha

e em hora tardia
busca a chama e chama
e grita, em silêncio
e fica
o som cessa, foge, distancia
e simplesmente falta, energia
e novamente tenta, sem tentar
e sem querer, agora quer
o que não pode ter
e finalmente vai
deixa uma presença incômoda
e nem a presença é bem vinda
querida
pois o relógio dita
a vida, aflita

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

E o vento sopra...

Sempre gostou de funerais. Acreditava que ali as pessoas não conseguiam mentir. E que as pessoas estavam sempre mais bonitas para o último adeus.
Implicava com aqueles que insistiam em achar que ainda haviam coisas a serem feitas. Como se o círculo já não houvesse se fechado. E se houvesse insistência, era então a dela de sorrir mesmo que as lágrimas dessem o tom.
Preferia quando não se falava muito, mesmo gostando de certas histórias de tempos atrás. E pensava sempre que devia ter vivido no passado.
Levava consigo um retrato. Guardado no bolso, perto do peito.

sábado, janeiro 22, 2005

É sempre cedo para te ver partir
levando contigo minha vontade de velar teu sono
e a vontade de te ouvir dizer
o que somente tua boca sabe
pois a minha leva a verdade à sério demais

Venham todos e sirvam-se
levem o que quiserem, fiquem à vontade
não se preocupem com a bagunça
o tempo se encarrega disso

O vento sopra forte
imita o pulso do coração
a pele ainda não leva a marca

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Sinfonia

A música nasce irriquieta sob a pressão de peças tão díspares. Apontadas de modo acusador por mãos trêmulas, que sobrevoam feito um gavião, descendo ferozmente ao encontro da presa escolhida. E tal qual um animal abatido, soa forte um brado furioso, erguendo uma voz única. E segue-se então um coro, de feitio similar a um tecido, tramado cuidadosamente sobre a manta do tempo, servindo de leito à melodia que desliza suave, obedecendo somente à textura dessa trama. O tecido então molda-se à forma de uma montanha de geografia intensa, com elevações rápidas e depressões íngremes. A melodia sobe então hábilmente, refazendo esses contornos rochosos e seguindo até o topo gelado.
Queda.
Silêncio.
Chão.

sábado, janeiro 15, 2005

Descaminhos

Sigo ouvindo teus chamados
E a cada pedido, a cada contato
O que ficou pelo chão
Me impede de seguir adiante

E se os caminhos que traçamos antes
Não seguirem mais paralelos
Que os cruzamentos ao menos
Amenizem as distâncias

E se o sangue revela a mentira
O peito prova o contrário
Pois quem habita estas paragens
Não fica sozinho jamais


sábado, janeiro 08, 2005

Your Song

Queria escrever uma canção de amor
e ando sem palavras
Melhor assim pra não sair do tom
que eu não desafino o refrão
não me perco na métrica
deixa então o compasso
seguir a batida do peito
que o acaso faz a melodia

quinta-feira, janeiro 06, 2005

E enquanto olho teu retrato, teus olhos ainda parecem os mesmos
mas a mentira estampada no filme se revela pelo tempo que nos impõe o hoje
como a verdade absoluta que descarta o que fica pra trás

dissipa tudo o que pode vir a ser

O que pensas saber sobre mim
é nada mais que uma sombra qualquer
é como teu retrato, que pinta uma mentira disfarçada
pois tua memória vive num passado inexistente

Pois o hoje é
e nada mais


segunda-feira, janeiro 03, 2005

Seis Dias

Teus passos, lentos,
Guiam-se pelo céu
Meu choro, leve,
Esvai-se pelo ar
Em meu leito, ao vento
Espero-te,
Sem mesmo saber esperar

Teus reinos são
teus pensamentos
E preciosas são
tuas dádivas
E enquanto no peito
Guardo um coração quente
Uma saudade ardente
Aguardo-te a voltar