segunda-feira, janeiro 17, 2005

Sinfonia

A música nasce irriquieta sob a pressão de peças tão díspares. Apontadas de modo acusador por mãos trêmulas, que sobrevoam feito um gavião, descendo ferozmente ao encontro da presa escolhida. E tal qual um animal abatido, soa forte um brado furioso, erguendo uma voz única. E segue-se então um coro, de feitio similar a um tecido, tramado cuidadosamente sobre a manta do tempo, servindo de leito à melodia que desliza suave, obedecendo somente à textura dessa trama. O tecido então molda-se à forma de uma montanha de geografia intensa, com elevações rápidas e depressões íngremes. A melodia sobe então hábilmente, refazendo esses contornos rochosos e seguindo até o topo gelado.
Queda.
Silêncio.
Chão.