segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Me falta o sono, talvez, os sonhos
sigo nesse torpor diurno sem saber
que a vida segue sem trégua
e sem regra, vivo em agonia
quem sabe algum dia
se sobrar coragem
ou que faltar a covardia
eu abra os olhos e veja...


sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Apenas palavras

lanço as palavras
aguardo imensos segundos até que venham as respostas
que não me respondem, não comunicam
apenas dizem o que não sei compreender

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

caminho num rio entre dois rios
no fio de uma navalha
um espinho, uma espada
ou coisa que o valha

vivo sob uma sombra projetada
de nuvens pretas-prateadas
de uma energia elétrica
explosiva, frenética

sigo sempre os sinais
e sinto a fúria do tempo
vejo a vida intensa, imensa
e mergulho fundo, nos teus olhos

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

A linha

e em hora tardia
busca a chama e chama
e grita, em silêncio
e fica
o som cessa, foge, distancia
e simplesmente falta, energia
e novamente tenta, sem tentar
e sem querer, agora quer
o que não pode ter
e finalmente vai
deixa uma presença incômoda
e nem a presença é bem vinda
querida
pois o relógio dita
a vida, aflita

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

E o vento sopra...

Sempre gostou de funerais. Acreditava que ali as pessoas não conseguiam mentir. E que as pessoas estavam sempre mais bonitas para o último adeus.
Implicava com aqueles que insistiam em achar que ainda haviam coisas a serem feitas. Como se o círculo já não houvesse se fechado. E se houvesse insistência, era então a dela de sorrir mesmo que as lágrimas dessem o tom.
Preferia quando não se falava muito, mesmo gostando de certas histórias de tempos atrás. E pensava sempre que devia ter vivido no passado.
Levava consigo um retrato. Guardado no bolso, perto do peito.